Reciclagem: cooperativas dão novo olhar para o lixo e transformam a vida de catadores

19 de maio de 2021 - 10:17 # # # # # #

Na última segunda-feira (17) foi comemorado o Dia Internacional da Reciclagem, um ato importante mas que não faz parte da rotina de muita gente.

Sustentabilidade é a palavra da moda, mas nem sempre foi assim. Quem trabalha catando lixo na rua, como Dona Luciana, conhece bem o julgamento que esses trabalhadores sofrem na rua. De 2014 para cá, a vida dela mudou com a criação da “Coopenossa”, de uma cooperativa de catadores da comunidade do Pau Fininho, em Fortaleza, que faz a triagem dos resíduos da rede de shoppings Rio Mar. “Quem trabalha com reciclagem é muito julgado no meio da rua, as pessoas olham de um outro jeito pra gente”, destaca a catadora.

Segundo Rocicléia Carvalho, presidente da associação da comunidade, o lixo solto na rua não tem valor até que seja separado, limpo e processado. Após isso, o lixo vira um material valioso para empresas, catadores e sociedade em geral.

Os resíduos jogados nas ruas ou em terrenos baldios acabam criando grandes lixões, disseminando também doenças. Hoje, a realidade mostra uma necessidade de reciclar esse lixo e o governo também tem se colocado na ativa promovendo a sustentabilidade, dando um novo olhar para o que é descartado.

No ano passado, foram vendidas mais de 430 toneladas de resíduos processados por essas cooperativas, cerca de um terço de tudo que é produzido de lixo pelo shopping. Um fardo de papelão, por exemplo, pode ser vendido por até 100 reais depois de trabalhado. No entanto, o Brasil recicla apenas 3% de todo o lixo que gera anualmente, o que é 10 vezes menos que as centrais de reciclagem do shopping.

Os resíduos que vêm dos shoppings para as cooperativas incluem papel, papelão, vidro, plástico e até alumínio. O gerente de operações Niger Souza conta que a associação tem promovido campanhas de conscientização e trabalhado em comunicação constante com os lojistas. “Eu acho que o nosso papel é de conscientizar porque sabemos qual é a importância final desse material”, completa.

A Lei Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu uma série de diretrizes para dar bom uso ao lixo gerado todo ano. No Ceará, essa lei veio 9 anos antes, em 2001. A preocupação se concretizou na criação e ampliação dos ecopontos, no fechamento de lixões e aterros, no estímulo ao trabalho dos catadores e suas cooperativas.

Mas, outro elo é ainda muito importante: a conscientização na hora de descartar aquilo que para muitos não tem valor. Separar o lixo é uma tarefa simples e todo mundo ganha, além de ser o sustento de muitas famílias.