Resistência ao isolamento social pode dar forças ao coronavírus e criar novas mutações

8 de abril de 2021 - 12:21 # # # # # # #

Mesmo com alguns estados adotando lockdown, os efeitos desse distanciamento levam tempo para aparecer.

Mais de um ano desde o início da pandemia, a dinâmica de disseminação do novo coronavírus ainda causa uma certa confusão nas pessoas. Isso porque o vírus cresce de forma exponencial, que é o aumento constante durante um período de tempo.

E pelo contágio ser entre humanos, a única forma de barrar a transmissão é realizando um isolamento social, muitas vezes criticado. O resultado da resistência ao isolamento acaba sendo medidas tardias e flexíveis demais.

O infectologista Keny Colares afirma que, na grande maioria das vezes, não foi possível fazer um confinamento da forma correta, tendo em vista as diversas exceções que são impostas ao lockdown. “Isso faz com que o tempo de isolamento fique maior e fiquemos sofrendo por mais tempo”, destacou o infectologista.

No último mês de março, o Brasil teve o pior período desde o início da pandemia, matando mais do que o dobro de julho de 2020, o mais mortal até então. Em abril, o cenário de óbitos pela covid-19 no Brasil deve ser até mais alto do que março, segundo especialistas.

Mesmo com alguns estados adotando lockdown, os efeitos desse distanciamento levam tempo para aparecer. Keny Colares explica que uma vez interrompida a transmissão, a curva de óbitos não cai de imediato, pois ainda é resultado da contaminação de um tempo atrás.

“As pessoas que estão se contaminando hoje vão demorar mais ou menos uma semana pra apresentar sintomas. Depois mais uma ou duas semanas pra serem internadas. O óbito vai acontecer mais ou menos um mês depois de tudo”, completa o infectologista.

Com a chegada da vacina, a esperança de sair desse quadro aumentou entre os brasileiros. Mas confundir o alívio com o relaxamento das medidas de segurança sanitárias pode significar um novo aumento de casos e de mortes, mesmo entre pessoas que já tomaram a primeira e até a segunda dose do imunizante.

“É preciso entender a vacinação como um processo de intervenção coletiva. A gente só vai conseguir tá protegido se a gente tiver uma grande parte da população imunizada”, destaca Keny Colares.

Outra preocupação é com a circulação de pessoas infectadas. Quanto mais contato entre pessoas, mais mutações o vírus vai sofrendo. O que pode prejudicar a eficácia das vacinas. “Se temos um número de casos muito grande, a gente tá dando chance ao vírus de desenvolver novas mutações que podem ter características diferentes”. O infectologista destaca que o descontrole da doença pode comprometer no futuro.

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