Pastoral da Aids no CE luta pela diminuição do preconceito contra soropositivos

1 de dezembro de 2017 - 20:23

A Pastoral da Aids no Ceará é formada por 22 voluntários (Foto: Arquivo Pessoal/Jacqueline)

Há 11 anos, o maior desafio da Pastoral da Aids no Ceará é diminuir o preconceito e a discriminação contra as pessoas soropositivas. Essa é uma das lutas que um grupo de 22 voluntários desenvolvem no Ceará.

De acordo com a coordenadora da Pastoral, Jacqueline Sampaio, o preconceito ainda é o maior aliado do vírus. “A morte social (o preconceito) ainda é muito grande na sociedade. E isso leva as pessoas a não fazerem o teste e nem o tratamento. As pessoas ficam com medo de enfrentar isso. Quanto mais cedo se descobre, mais cedo mais você se cuida e previne de infectar o outro”, explica.

A Pastoral da Aids do Regional Nordeste 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está completando 11 anos de atuação no enfrentamento a epidemia e no acolhimento as pessoas vivendo com vírus HIV no Ceará, mas em nível nacional já atua há 16 anos. Além do trabalho de evangelização eles acolhem e levam informações para os portadores do vírus HIV no Estado.

Toninho “vencedor de obstáculos”, que é como Antônio Alves gosta de ser chamado, participa da Pastoral há mais de 10 anos. Quando descobriu a doença ele enfrentou preconceito. “No início da minha soropositividade eu sofri preconceito em casa e no trabalho e fiquei em casa por uns 8 anos (…) muitos de nós preferimos não falar da nossa condição. Aqui em casa, a minha esposa vende dindin, quando as pessoas souberam que eu sou soropositivo, deixaram de comprar dindin aqui em casa”, conta o aposentado de 57 anos.

Membros da Pastoral da Aids durante exibição da Santa Missa na TVC (Foto: Arquivo Pessoal/Jacqueline)

A Pastoral atua em hospitais, em igrejas, nas comunidades e em trabalhos realizados em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Os agentes se reúnem mensalmente, no terceiro sábado de cada mês. Todas as quartas-feiras, realizam um plantão de atendimento e acolhimento no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja, na Arquidiocese de Fortaleza, no Centro. Para participar do grupo não precisa fazer teste de HIV e nem ser soropositivo, basta ter vontade de ajudar ao próximo, esse é o requisito essencial.

A cada ano, a Pastoral realiza uma campanha social. Em 2017, o tema é: SUS é Sáude. Que objetiva estimular o fortalecimento das políticas públicas em HIV/Aids no Sistema Único de Saúde.

“A Pastoral nos estimula muito porque nós passamos a ser o agente na comunidade. Ela tem me trazido muita perspectiva e estimulo de continuar engajado e trabalhando e vivendo em unidade. A soropositividade não trouxe nem um ganho positivo pra mim, mas de uma certa forma eu criei mais coragem pra viver e mesmo com todas as limitações acreditar que vale a pena viver”, finaliza Toninho.

Dados
No mundo cerca 40 milhões de pessoas vivem com vírus HIV, segundo dados de 2016 do Ministério da Saúde. No Ceará, em 2017, dados da Sesa, confirmam 908 casos de infecção por HIV, 553 casos de Aids e 142 óbitos.

Serviço: Pastoral da Aids no Ceará

Reunião: terceiro sábado de cada mês, às 8h30
Todas as quartas-feira realizam plantão de atendimento e acolhimento
Local: Centro de Pastoral Maria Maria Mãe da Igreja
E-mail: pastoraldaaidsceara@hotmail.com
Site: http://www.pastoralaids.org/