Alunos que inspiram: jovens superam limitações e fazem projetos para o futuro

1 de agosto de 2016 - 20:56

O desejo de ser útil à sociedade e exercer uma atividade profissional é maior que a limitação física. É com essa perspectiva que o estudante Leonardo Ciríaco, de 19 anos, corre em busca do objetivo de tornar-se instrutor da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ele tem deficiência motora, locomove-se com o apoio de muletas e apresenta perda auditiva. As restrições fisiológicas, entretanto, não são para Leonardo mais que “detalhes”, como ele próprio diz. “Quero poder fazer alguma coisa pela sociedade, participar desse mundo, conhecer novas pessoas, ter experiências de vida. Não quero ficar parado”, enfatiza Leonardo, que atualmente cursa o 2º ano técnico em Instrução de Libras na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Joaquim Nogueira, em Fortaleza.

Para além do crescimento individual, o estudante vê na carreira profissional a oportunidade de contribuir para a capacitação de outras pessoas. “Meu objetivo é poder melhorar a educação para os surdos. A maioria da sociedade não conhece o potencial desse público e não sabe o que é Libras. Acredito que os surdos têm capacidade e são tão inteligentes quanto os demais, podendo entrar em cursos superiores e exercer qualquer profissão”, aponta.

Evolução

A postura ativa diante da vida, mesmo tendo de conviver com deficiências, não é exclusividade de Leonardo. Já ficou ultrapassado o pensamento de que pessoas com limitações físicas não podem ter perspectivas de futuro. Tanto que, a cada ano, registra-se crescimento no número de deficientes nas universidades e nos postos de trabalho.

Segundo dados do Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em um período de dez anos, entre 2004 e 2014, o acesso de pessoas com deficiência ao ensino superior deu um salto no país. Em 2004, a quantidade de matrículas foi de 5.395, o que representou somente 0,12% do total de 2014, que foi de 4.223.344, conforme o Inep. No mesmo ano, 357,8 mil pessoas com deficiência tinham vínculos empregatícios no país, de acordo com o Ministério do Trabalho, número 20% superior ao de 2009.

rfoto 1A estudante Hellen Kelven Araújo, que cursa a 3ª série do Ensino Médio na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Arquiteto Rogério Fróes, na capital, já faz projetos para ingressar na faculdade de Jornalismo. “Sempre acompanho os jornais, gosto de ouvir as notícias e sou bem informada. A informação é importante para saber se expressar melhor”, salienta a jovem, que tem paralisia cerebral parcial.

Hellen, aos 24 anos, diz sentir-se familiarizada no ambiente escolar e ressalta o valor do estímulo recebido pelas pessoas, para que desse sequência aos estudos e não desistisse dos sonhos. “Professores, funcionários, colegas, e todos, em geral, me ajudam bastante. Acredito que se a pessoa veio ao mundo com algum tipo de deficiência, seja psicológica ou física, é porque Deus tem algum propósito para ela. Ninguém vem ao mundo a passeio”, avalia.

Gabriele da Silva, de 16 anos, e Gislaine Moura, 17, estudam na mesma escola de Hellen. As jovens apresentam, respectivamente, surdez e deficiência intelectual. A primeira quer ser professora de Libras ou enfermeira, “porque gosta de cuidar das pessoas”, e a segunda pensa em trabalhar como nutricionista ou atuar na área da gastronomia. Ambas têm, gradualmente, se integrado às turmas e superado a timidez, já fazendo planos para o futuro, conforme esclarece a professora Tereza Fontenele, do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na unidade de ensino.

“Gabriele, quando chegou à escola, não conseguia acompanhar as disciplinas e tinha vergonha da deficiência. Dizia não a tudo, não falava com ninguém. Hoje avançou muito, tem conseguido quebrar as barreiras e vai fazer um curso de Libras no Creaece (Centro de Referência em Educação e Atendimento Especializado do Ceará), ainda neste ano. Já a Gislaine é bastante participativa nas aulas, faz sempre muitas perguntas e tem facilidade em aprender”, explica a professora.

01.08.2016

Bruno Mota

Assessoria de Imprensa da Secretaria da Educação